DEDO EM GATILHO: EVIDÊNCIA E OPÇÕES DE TRATAMENTO

DEDO EM GATILHO: EVIDÊNCIA E OPÇÕES DE TRATAMENTO
09.04.2024

O dedo em gatilho é uma patologia comum que pode causar significativa diminuição funcional.

É uma tenossinovite nas bainhas flexoras dos dedos e/ou polegar, resultante do uso repetitivo. O edema e a inflamação do túnel por onde passa o tendão (bainha do tendão), dificultam o deslizamento do tendão afetado, causando dor e rigidez associadas ao dedo em gatilho.

O edema pode fazer com que uma secção do tendão se agrupe num pequeno nódulo na base do dedo ou polegar afetado. Se um nódulo se formar, o tendão pode ficar preso na bainha do tendão, fazendo com que o dedo ou polegar afetado fique temporariamente preso numa posição dobrada. Os sintomas costumam ser mais proeminentes pela manhã ou após tarefas mais intensas. O tendão afetado pode-se libertar repentinamente, soltando o dedo como se fosse um gatilho.

 

Causas

Esta patologia é uma das causas mais comuns de dor nas mãos em adultos, afetando as mulheres seis vezes mais do que os homens. É mais comum em pacientes com idades entre 40 e 60 anos e geralmente é encontrada na mão dominante, especialmente no dedo anelar ou no polegar, podendo surgir em qualquer dedo da mão. Pode ser causado por:

  • Movimentos repetitivos (normalmente relacionado com a profissão ou hobby);
  • Execução de movimentos como agarrar ou aplicar muita força com os dedos. Os exemplos incluem praticar desportos de raquete (como ténis ou o padel) ou com pegas (escalada ou ginástica acrobática)
  • Pessoas com certas condições de saúde têm maior probabilidade de desenvolver dedo em gatilho, incluindo diabetes, gota, doenças da tiróide e artrite reumatóide.

 

Tratamento

O tratamento do dedo em gatilho pode ser dividido em conservador e cirúrgico. O tratamento conservador é geralmente a primeira linha, especialmente se não for complicado e tiver sintomas de curta duração.

Relativamente ao tratamento conservador, existem várias opções como a toma de AINEs (anti-inflamatórios não esteroides), massagem, calor e/ou gelo, exercícios e até a colocação de uma tala. A colocação da tala ajuda a manter o dedo em extensão e que a inflamação diminua por restrição da utilização do tendão inflamado.

Se o tratamento conservador falhar, a injeção de corticosteroides é, por norma, uma estratégia de tratamento bem-sucedida para pacientes com esta condição. É barato, fácil de realizar e menos invasivo que a cirurgia. É comum que apenas uma injeção seja necessária para o tratamento desta patologia, mas existe a possibilidade de nova injeção 6 meses após a primeira e ainda uma terceira injeção. Tipicamente, se na segunda ou terceira injeção se mantiver o problema, o caso é referido para cirurgia.

No que toca a tratamento cirúrgico, a libertação da bainha que envolve o tendão do músculo flexor do dedo é o golden standard, neste tipo de casos. É muito comum em crianças pois nesta faixa etária, o tratamento conservador, tipicamente é ineficaz. Nos adultos, a cirurgia fica para último recurso, quando o tratamento conservador falha. Os riscos deste tipo de cirurgia incluem lesão nervosa e libertação incompleta da bainha envolvente.

 

Prevenção

No que toca a prevenção desta condição, temos algumas dicas, tais como:

  • Aprender a técnica apropriada para o trabalho ou desporto
  • Iniciar os exercícios ou atividades laborais mais suavemente
  • Realizar várias pausas caso a tarefa seja repetitiva e coloque demasiado stress nas mãos

Se notar sintomas relativos a esta patologia, como um dedo que prende, trava ou faz barulho com o movimento, ou dor e desconforto ao esticar ou dobrar o dedo, é importante consultar um médico para recomendações sobre o tratamento a realizar. Os métodos de tratamento conservador costumam ser muito eficazes e os médicos recomendam a cirurgia apenas em casos graves.

 

Referências

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